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Canetas Emagrecedoras: O Que São, Riscos e Quando Fazer Sentido no Tratamento

Nos últimos anos, as chamadas “canetas emagrecedoras” viraram febre nas redes sociais e passaram a ser vistas, por muita gente, como uma solução rápida para perder peso. Ao mesmo tempo, autoridades de saúde têm emitido alertas sobre uso irregular, produtos falsificados e automedicação, especialmente em medicamentos sem registro ou manipulados de forma inadequada.

Este artigo explica, em linguagem simples, o que são essas canetas, como elas funcionam, quais são os riscos do uso indiscriminado e em quais situações elas podem fazer parte do tratamento da obesidade e do diabetes, sempre com acompanhamento médico. A ideia é ajudar você a ter uma visão mais realista e segura, longe de promessas milagrosas.

O que são as canetas emagrecedoras

O termo “canetas emagrecedoras” é popular e não aparece em bula; ele se refere a medicamentos injetáveis apresentados em forma de caneta aplicadora, originalmente desenvolvidos para tratar diabetes tipo 2 e, em doses específicas, para o tratamento da obesidade.

Grande parte dessas canetas contém medicamentos da classe dos agonistas do receptor de GLP‑1 (como alguns fármacos usados em diabetes e obesidade), que atuam em áreas do cérebro relacionadas à fome, saciedade e controle da glicose, ajudando algumas pessoas a reduzir o apetite e, junto com mudanças no estilo de vida, perder peso.

Existem diferentes medicamentos injetáveis dessa classe aprovados e registrados no Brasil, em apresentações de caneta aplicadora. Eles podem ser conhecidos tanto pelos nomes genéricos (substância ativa) quanto pelos nomes comerciais (marcas de fabricantes). Este artigo não cita marcas específicas porque o objetivo é informar de forma neutra e educativa, sem promover produtos individuais. A escolha do medicamento, da marca, da dose e da forma de uso deve ser feita exclusivamente pelo médico, de acordo com o quadro clínico, exames, outros remédios em uso e histórico de saúde de cada pessoa. Em caso de dúvida sobre quais opções existem, o profissional de saúde pode explicar quais medicamentos dessa classe estão disponíveis no país e quais fazem sentido — ou não — no seu caso.

O que autoridades de saúde têm alertado

Com o aumento da procura, surgiram problemas sérios: venda de produtos falsificados, importações irregulares, manipulação sem controle adequado e uso sem prescrição. Por isso, órgãos reguladores e secretarias de saúde emitiram normas e alertas importantes:

  • Medicamentos injetáveis para emagrecimento sem registro sanitário podem ter fabricação proibida, assim como sua comercialização e propaganda.
  • Medicamentos agonistas de GLP‑1 autorizados só podem ser vendidos com retenção de receita médica e controle rígido em farmácias e drogarias.
  • Secretarias estaduais de saúde reforçam que o uso desses medicamentos sem acompanhamento médico e sem controle oficial representa risco grave à saúde, principalmente quando são produtos manipulados ou adquiridos pela internet.

Ou seja, mesmo quando a substância existe em medicamentos registrados, o uso deve ser feito dentro das regras: prescrição, retenção de receita e acompanhamento profissional.

Como as canetas emagrecedoras funcionam no organismo

Os agonistas de GLP‑1 imitam a ação de um hormônio produzido pelo intestino que ajuda a regular glicose e saciedade. Em termos simplificados, eles podem:

  • Aumentar a sensação de saciedade, fazendo a pessoa sentir menos fome.
  • Retardar o esvaziamento gástrico, o que ajuda a comer menos em cada refeição.
  • Melhorar o controle da glicose em pessoas com diabetes tipo 2.

Em estudos clínicos controlados, essa classe de medicamentos mostrou capacidade de reduzir o peso corporal em alguns pacientes, quando associada a dieta e atividade física supervisionadas.

No entanto, os resultados variam muito de pessoa para pessoa e dependem de adesão ao plano alimentar, à atividade física e às orientações médicas — não é um “atalho” que dispensa mudança de hábitos.

Riscos e efeitos colaterais mais comuns

Assim como qualquer medicamento, as canetas emagrecedoras podem causar efeitos colaterais e não são adequadas para todas as pessoas. Entre as reações relatadas com essa classe de fármacos, aparecem com frequência:

  • Enjoos, vômitos, diarreia ou constipação.
  • Dor abdominal, azia e desconforto digestivo.
  • Cansaço e mal‑estar geral em algumas fases do tratamento.

Autoridades de saúde também alertam para riscos mais graves quando há uso inadequado, doses erradas, produtos falsos ou manipulação sem controle de qualidade, incluindo complicações metabólicas e problemas que precisam de investigação especializada.

Por isso, usar esses medicamentos sem receita, sem avaliação médica ou comprados de forma irregular aumenta muito a chance de efeitos adversos sérios.

7 cuidados essenciais antes de pensar em canetas emagrecedoras

Antes de considerar qualquer tratamento farmacológico para perda de peso, especialmente injetável, estes cuidados são fundamentais:

1. Avaliação médica completa

É indispensável conversar com um médico (de preferência endocrinologista ou clínico com experiência em obesidade) para avaliar histórico de saúde, uso de outros medicamentos, exames laboratoriais e presença de doenças que podem contraindicar o uso.

2. Verificar se o medicamento é registrado e regular

Jamais use produtos sem registro na agência reguladora, comprados em sites duvidosos ou redes sociais. Dê preferência a medicamentos com registro sanitário válido, obtidos em farmácias autorizadas, com prescrição e retenção de receita, conforme as regras em vigor.

3. Entender que não substitui dieta e exercício

Mesmo quando indicadas, as canetas fazem parte de um plano que inclui alimentação equilibrada, acompanhamento nutricional e atividade física adaptada à sua condição de saúde. Sem isso, os resultados tendem a ser menores e menos duradouros.

Confira abaixo nossos posts sobre alimentação saudável, exercícios em casa e caminhadas:

4. Conhecer os possíveis efeitos colaterais

Antes de iniciar o tratamento, é importante ser informado sobre efeitos colaterais mais comuns, sinais de alerta e o que fazer se eles aparecerem. Assim, você sabe quando é esperado passar por uma fase de adaptação e quando precisa procurar ajuda imediatamente.

5. Evitar automedicação e uso estético “por conta”

Usar canetas emagrecedoras apenas por pressão estética, sem indicação clínica (como obesidade ou determinadas situações de diabetes), aumenta o risco de “trocar um problema por outro”. A decisão deve ser compartilhada com o médico, considerando riscos, benefícios e alternativas.

6. Desconfiar de promessas milagrosas na internet

Ofertas de “canetas importadas”, “protocolos exclusivos” ou “emagrecimento garantido em poucas semanas” costumam envolver produtos irregulares ou práticas não autorizadas. É importante desconfiar de anúncios que prometem resultados rápidos sem mencionar acompanhamento médico.

7. Planejar o longo prazo

Mesmo que o medicamento seja indicado, é importante discutir com o médico por quanto tempo é esperado o uso, como será o acompanhamento e o que acontecerá depois (manutenção de peso, ajustes de dose, possível suspensão). Em obesidade, o foco é tratamento de longo prazo, não apenas “perder alguns quilos para um evento”.

Quando as canetas emagrecedoras podem fazer sentido

De forma geral, diretrizes e notas técnicas consideram o uso desses medicamentos em contextos como:

  • Pessoas com obesidade ou sobrepeso com comorbidades (como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia), quando dieta e exercício, isoladamente, não foram suficientes.
  • Pacientes com diabetes tipo 2 que precisam de melhor controle glicêmico e se beneficiam também de perda de peso.
  • Situações nas quais o médico, após avaliar riscos e benefícios, entende que o agonista de GLP‑1 é uma opção de tratamento apropriada dentro de um plano global de cuidado.

Mesmo nessas situações, a decisão é individualizada e precisa considerar outras doenças, medicamentos em uso, preferências do paciente e capacidade de manter acompanhamento regular.

O que fazer se você está pensando em usar canetas emagrecedoras

Se você se identificou com o tema e está cogitando esse tipo de tratamento, alguns passos seguros são:

  • Marcar consulta com um médico de confiança para discutir a ideia, levar dúvidas e ouvir as alternativas.
  • Levar exames recentes ou pedidos de exames que ajudem a avaliar sua saúde metabólica.
  • Conversar também com nutricionista sobre ajustes na alimentação, independente de usar ou não medicamentos.
  • Investir em mudanças de hábito que você consiga manter, como caminhada regular, sono melhor e redução de alimentos ultraprocessados.

Na prática, as canetas emagrecedoras, quando indicadas, podem ser uma ferramenta a mais no tratamento da obesidade e do diabetes — mas não substituem o cuidado global com o corpo e a mente.

Fontes e referências (para você linkar no post)

  • Anvisa – Medicamentos e notas sobre canetas emagrecedoras e agonistas de GLP‑1:
    https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos
  • Anvisa – Notícias e alertas sobre produtos irregulares e uso de canetas emagrecedoras:
    https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa
  • Ministério da Saúde – Informações sobre obesidade, prevenção e tratamento:
    https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/o/obesidade
  • Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) – Conteúdos para público leigo sobre obesidade e medicamentos:
    https://www.endocrino.org.br
  • Organização Pan‑Americana da Saúde (OPAS/OMS) – Obesidade e excesso de peso:
    https://www.paho.org/pt/topicos/obesidade

Aviso importante

Este conteúdo tem caráter informativo e educativo e não substitui avaliação, diagnóstico ou tratamento realizados por médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos ou outros profissionais de saúde habilitados. Sempre converse com um profissional antes de iniciar, alterar ou interromper qualquer tratamento, dieta ou programa de exercícios.

Este artigo foi produzido pela equipe Saúde em Foco, que pesquisa temas de saúde e bem‑estar em fontes oficiais e científicas. O conteúdo é informativo e não substitui consulta com profissionais habilitados.