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Triglicerídeos altos: riscos e 7 estratégias para manter sob controle

Ter triglicerídeos altos é mais comum do que parece e, muitas vezes, a pessoa só descobre no exame de sangue de rotina.
Mesmo sem sintomas, a hipertrigliceridemia (triglicerídeos elevados) pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e, em níveis muito altos, até de pancreatite, uma inflamação séria do pâncreas.

Neste artigo, você vai entender o que são triglicerídeos, por que eles podem subir, quais são os principais riscos e quais estratégias de estilo de vida podem ajudar a manter esses valores sob controle, sempre com acompanhamento de profissionais de saúde.

O que são triglicerídeos?

Triglicerídeos são um tipo de gordura que circula no sangue e funciona como uma forma de estoque de energia do organismo.
Eles são formados principalmente a partir do excesso de calorias consumidas, especialmente vindas de carboidratos (açúcares, massas, pães) e gorduras da alimentação.

Depois de comer, o corpo converte o que não é usado imediatamente em triglicerídeos e os armazena em células de gordura para uso futuro.
Quando os níveis se mantêm acima dos valores considerados saudáveis, por tempo prolongado, isso passa a ser um fator de risco para diversas doenças metabólicas e cardiovasculares.

Causas e fatores de risco para triglicerídeos altos

Na maioria dos casos, triglicerídeos altos estão ligados a hábitos de vida e a outras condições de saúde.
Também pode existir uma predisposição genética, como na hipertrigliceridemia familiar, em que a pessoa já nasce com tendência a ter valores elevados.

Entre os principais fatores de risco estão:

  • Alimentação rica em açúcares simples (refrigerantes, doces, sobremesas) e farinhas refinadas.
  • Consumo excessivo de gorduras e alimentos ultraprocessados.
  • Sedentarismo e falta de atividade física regular.
  • Excesso de peso e obesidade, principalmente acúmulo de gordura abdominal.
  • Consumo elevado de bebidas alcoólicas.
  • Doenças como diabetes tipo 2, resistência à insulina, hipotireoidismo e síndrome metabólica.
  • Histórico familiar de alterações de lipídios (colesterol e triglicerídeos).

Alguns medicamentos também podem interferir nos níveis de triglicerídeos, por isso qualquer ajuste deve ser sempre discutido com médicos, nunca feito por conta própria.

Triglicerídeos x colesterol: qual a diferença?

Apesar de ambos serem gorduras presentes no sangue, triglicerídeos e colesterol não são a mesma coisa.
Os triglicerídeos estão mais ligados ao estoque de energia, enquanto o colesterol participa da formação de hormônios, vitamina D e estruturas das células.

Quando triglicerídeos e colesterol (principalmente LDL elevado e HDL baixo) estão alterados ao mesmo tempo, o risco de doenças cardiovasculares aumenta ainda mais.
Por isso, o perfil lipídico geralmente avalia tudo junto: colesterol total, LDL, HDL, VLDL e triglicerídeos.

Leia também: Colesterol alto: causas, riscos e hábitos que ajudam a proteger o coração

Triglicerídeos altos dão sintomas?

Na maior parte dos casos, triglicerídeos altos não provocam sintomas específicos.
A pessoa pode se sentir bem e levar uma vida normal, mesmo com valores bem acima do ideal, o que reforça a importância de exames de rotina.

Quando já existem complicações cardiovasculares associadas, podem surgir sinais como dor no peito, falta de ar, tontura, palpitações ou mal‑estar, que exigem avaliação médica imediata.
Em níveis extremamente altos (geralmente bem acima de 500 mg/dL, a critério médico), aumenta o risco de pancreatite aguda, que costuma causar dor abdominal intensa, náuseas e vômitos, sendo uma emergência.

Principais riscos dos triglicerídeos altos

Triglicerídeos elevados por muito tempo podem contribuir para vários problemas de saúde.
Eles costumam fazer parte de um conjunto de alterações chamado síndrome metabólica, que inclui obesidade abdominal, hipertensão, resistência à insulina/diabetes e alterações no colesterol.

Entre os principais riscos associados a triglicerídeos altos estão:

  • Aumento do risco de aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias).
  • Maior chance de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.
  • Associação com obesidade, diabetes tipo 2 e resistência à insulina.
  • Maior probabilidade de síndrome metabólica.
  • Risco de pancreatite aguda quando os níveis estão muito elevados.

Quanto mais fatores de risco presentes (tabagismo, pressão alta, diabetes, histórico familiar), maior a importância de tratar a hipertrigliceridemia dentro de um plano global de prevenção.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por exame de sangue, geralmente chamado de perfil lipídico ou lipidograma, que mede colesterol total, frações (HDL, LDL, VLDL) e triglicerídeos.
Esse exame pode ser solicitado em consultas de rotina ou para acompanhar o tratamento de quem já tem alguma doença cardiovascular, diabetes ou outros fatores de risco.

A interpretação dos valores deve ser feita por profissionais de saúde, que levam em conta idade, histórico familiar, presença de outras doenças e risco cardiovascular global.
Com base nisso, o médico pode indicar apenas mudanças de estilo de vida ou associar medicamentos, quando necessário.


7 estratégias para manter triglicerídeos sob controle

As estratégias abaixo não substituem orientações personalizadas, mas costumam fazer parte das recomendações de prevenção e controle dos triglicerídeos.
Sempre é importante adaptar tudo à realidade de cada pessoa, com apoio de médicos e nutricionistas.

1. Reduzir açúcar e carboidratos refinados

Excesso de açúcar e farinhas brancas é um dos principais responsáveis por triglicerídeos altos.
Refrigerantes, sucos artificiais, doces, bolos, biscoitos recheados, pães brancos e massas em grande quantidade podem elevar bastante esses valores.

Alguns passos práticos que podem ajudar:

  • Trocar bebidas açucaradas por água, chás sem açúcar ou água com limão.
  • Diminuir doces no dia a dia, deixando-os para ocasiões especiais.
  • Preferir versões integrais de pães, arroz e massas, dentro de um plano alimentar equilibrado.

Leia também: Alimentação saudável e ultraprocessados

2. Ajustar a qualidade das gorduras

Não se trata de cortar toda gordura, mas de escolher melhor o tipo e a quantidade.
Gorduras saturadas e trans, presentes em frituras, fast food, salgadinhos de pacote, embutidos e diversos ultraprocessados, tendem a piorar o perfil de lipídios.

Algumas mudanças possíveis:

  • Reduzir frituras e preferir preparações grelhadas, cozidas ou assadas.
  • Usar óleos vegetais e azeite de oliva em quantidades moderadas.
  • Priorizar fontes de gordura mais saudáveis, como peixes, castanhas e sementes (dentro da quantidade orientada pelo profissional).

3. Praticar atividade física com regularidade

A prática regular de atividade física ajuda a reduzir triglicerídeos, melhorar o HDL (colesterol “bom”), controlar o peso e a pressão arterial.
Caminhada, bicicleta, dança, natação e treinos em casa podem ser opções interessantes, desde que liberadas por profissional de saúde.

Uma meta frequentemente recomendada é pelo menos 150 minutos semanais de atividade física aeróbica de intensidade moderada, distribuídos ao longo da semana, se isso for seguro para a pessoa.
Quem está parado há muito tempo ou tem alguma doença deve conversar com o médico antes de iniciar.

Leia também: Treino em casa

4. Cuidar do peso corporal e da circunferência abdominal

Excesso de peso, principalmente na região da barriga, costuma estar associado a triglicerídeos altos, resistência à insulina e maior risco cardiovascular.
Mesmo uma perda de peso moderada, quando necessária e orientada de forma segura, já pode contribuir para melhorar os triglicerídeos e outros marcadores de saúde.

Em geral, o cuidado com o peso envolve combinação de alimentação equilibrada, atividade física e, em alguns casos, acompanhamento psicológico e multiprofissional.
Dietas muito restritivas ou “milagrosas” não são recomendadas, pois podem prejudicar a saúde e causar efeito sanfona.

5. Moderar ou evitar bebidas alcoólicas

O álcool é um dos fatores que mais podem elevar triglicerídeos, especialmente quando consumido com frequência e em grandes quantidades.
Para quem já tem triglicerídeos altos, muitas vezes a orientação é reduzir bastante ou até suspender o consumo, conforme avaliação do médico.

Mesmo bebidas consideradas “mais leves”, como cerveja e vinho, podem impactar os triglicerídeos se consumidas em excesso.
Por isso, é importante conversar com o profissional de saúde sobre o padrão de consumo para decidir qual limite faz sentido em cada caso.

6. Tratar doenças associadas (como diabetes e hipotireoidismo)

Condições como diabetes tipo 2, resistência à insulina, hipotireoidismo, doença renal e síndrome metabólica estão frequentemente ligadas a triglicerídeos elevados.
Cuidar dessas doenças faz parte do controle dos triglicerídeos e do risco cardiovascular como um todo.

Alguns pontos importantes:

  • Manter a glicemia controlada, seguindo o plano de tratamento para diabetes quando houver.
  • Tratar hipotireoidismo de acordo com a indicação médica.
  • Comparecer às consultas de acompanhamento para ajustes de doses de medicamentos, quando necessário.

7. Manter acompanhamento médico e exames em dia

Mesmo com todos os cuidados com alimentação e estilo de vida, o acompanhamento com profissionais de saúde é indispensável.
Somente o médico pode avaliar o resultado dos exames, calcular o risco cardiovascular global e decidir se há necessidade de medicamentos para reduzir triglicerídeos.

Em algumas situações, principalmente em valores muito altos ou em pessoas com maior risco, o uso de remédios pode fazer parte do plano de tratamento.
Esse tipo de decisão é individualizado e não deve ser tomado sem orientação profissional.

Quando procurar ajuda médica?

É importante buscar avaliação médica quando:

  • O exame de sangue mostra triglicerídeos acima dos valores recomendados.
  • Há histórico familiar de alterações importantes de colesterol e triglicerídeos ou de doenças cardiovasculares precoces.
  • Você tem outros fatores de risco, como diabetes, hipertensão, obesidade ou tabagismo.
  • Surgem sintomas como dor no peito, falta de ar, dor abdominal intensa ou sinais de mal‑estar importante.

Mesmo sem sintomas, o acompanhamento regular ajuda a ajustar o estilo de vida, monitorar exames e reduzir o risco de problemas mais graves no futuro.


Fontes e referências

  • Ministério da Saúde – Doenças cardiovasculares e fatores de risco: https://www.gov.br/saude/
  • Organização Pan‑Americana da Saúde (OPAS/OMS) – Doenças cardiovasculares: https://www.paho.org/pt
  • Sociedade Brasileira de Cardiologia – Informações sobre dislipidemias e prevenção cardiovascular: https://www.cardiol.br/
  • Hospital Israelita Albert Einstein – Triglicerídeos, colesterol e risco cardiovascular: https://www.einstein.br/

Aviso importante

Este conteúdo tem caráter informativo e educativo e não substitui avaliação, diagnóstico ou tratamento realizados por médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos ou outros profissionais de saúde habilitados (ajuste os profissionais conforme o tema). Sempre converse com um profissional antes de iniciar, alterar ou interromper qualquer tratamento, dieta ou programa de exercícios.


Este artigo foi produzido pela equipe Saúde em Foco, que pesquisa temas de saúde e bem‑estar em fontes oficiais e científicas. O conteúdo é informativo e não substitui consulta com profissionais habilitados.