A vacina contra a bronquiolite acaba de chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS) e já está sendo distribuída para as Unidades Básicas de Saúde de todo o Brasil. Se você está grávida ou conhece alguém que está, este artigo é leitura obrigatória.
A bronquiolite é uma das principais causas de internação de bebês nos primeiros meses de vida, e agora existe uma forma segura e eficaz de prevenir essa doença antes mesmo do nascimento. Neste guia, você vai entender o que é a bronquiolite, como a vacina funciona, quem deve tomar e tudo que gestantes precisam saber para proteger seu bebê.
O que é bronquiolite?
A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, que são as menores vias aéreas dos pulmões. Essa condição afeta principalmente bebês e crianças pequenas, especialmente nos primeiros seis meses de vida, quando o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento.

O principal causador da bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por aproximadamente 80% dos casos. Outros vírus, como rinovírus, influenza e adenovírus, também podem provocar a doença, mas o VSR é o mais comum e o mais perigoso para os pequenos.
Sintomas da bronquiolite em bebês
Os sintomas da bronquiolite costumam começar de forma leve e podem evoluir rapidamente. Os sinais mais comuns incluem:
- Obstrução nasal e coriza
- Tosse persistente
- Febre baixa a moderada
- Chiado no peito (sibilância)
- Respiração rápida ou dificuldade para respirar
- Recusa alimentar
- Irritabilidade e cansaço
Em casos mais graves, o bebê pode apresentar coloração arroxeada nos lábios e extremidades (cianose), sonolência excessiva e grande esforço para respirar, com afundamento do pescoço e da barriguinha a cada inspiração.
Por que a bronquiolite é tão perigosa para bebês?
Os bronquíolos dos bebês são muito pequenos e delicados. Quando inflamados pelo VSR, incham e produzem muco em excesso, dificultando a passagem de ar. Isso pode levar rapidamente a um quadro de insuficiência respiratória.
Segundo o Ministério da Saúde, a bronquiolite é uma das principais causas de hospitalização de crianças menores de um ano no Brasil, com potencial para evoluir para quadros graves que exigem internação em UTI.
(Aqui vale linkar para um artigo sobre “sinais de alerta em doenças respiratórias infantis”.)
O que é a vacina contra bronquiolite (VSR)?
A vacina contra o VSR, conhecida pelo nome comercial Abrysvo®, é um imunizante desenvolvido para proteger bebês contra infecções respiratórias graves causadas pelo vírus sincicial respiratório.
O diferencial dessa vacina é que ela é aplicada na gestante, não no bebê. Ao receber a vacina durante a gravidez, a mãe produz anticorpos que são transferidos para o bebê através da placenta. Assim, o recém-nascido já nasce protegido nos primeiros meses de vida, quando é mais vulnerável.
Como a vacina funciona?
A vacina Abrysvo® é uma vacina recombinante, ou seja, não contém o vírus vivo. Ela estimula o sistema imunológico da gestante a produzir anticorpos específicos contra o VSR.
Esses anticorpos atravessam a placenta e chegam ao bebê ainda durante a gestação. Quando o bebê nasce, ele já conta com essa proteção passiva, que dura aproximadamente os primeiros seis meses de vida, justamente o período de maior vulnerabilidade.
Eficácia comprovada em estudos
A eficácia da vacina foi demonstrada no Estudo Matisse, um ensaio clínico de fase 3 realizado em 18 países com mais de 7.000 gestantes. Os resultados mostraram:
- 81,8% de eficácia na prevenção de doenças respiratórias graves causadas pelo VSR nos primeiros 90 dias de vida do bebê
- 69,4% de eficácia até os 180 dias (seis meses) de vida
- Redução significativa de hospitalizações e internações em UTI
Esses números representam uma proteção muito expressiva para os bebês, justamente na fase em que a bronquiolite pode ser mais perigosa.
Quem deve tomar a vacina contra bronquiolite?
Público-alvo: gestantes a partir da 28ª semana
A vacina contra o VSR é indicada para todas as gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. Não há restrição de idade para a mãe.
A recomendação do Ministério da Saúde é tomar dose única a cada nova gestação. Ou seja, se você já tomou a vacina em uma gravidez anterior, precisa tomar novamente nas gestações seguintes para garantir a proteção do novo bebê.
Por que a vacina é aplicada nesse período?
A aplicação a partir da 28ª semana é estratégica por dois motivos:
- Tempo suficiente para produzir anticorpos: O organismo da gestante precisa de algumas semanas para produzir níveis adequados de anticorpos após a vacinação.
- Transferência placentária: A maior parte da transferência de anticorpos da mãe para o bebê acontece no terceiro trimestre da gestação, especialmente nas últimas semanas.
Dessa forma, o bebê nasce com níveis elevados de anticorpos protetores, prontos para combater o VSR nos primeiros meses de vida.
A vacina contra VSR é segura para gestantes e bebês?
Segurança comprovada
Sim, a vacina Abrysvo® foi amplamente testada e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os estudos clínicos não identificaram riscos significativos para a gestante nem para o bebê.
A vacina não contém vírus vivo, o que a torna segura para uso durante a gravidez. Os perfis de segurança observados nos estudos foram consistentes com outras vacinas já utilizadas em gestantes.
Efeitos colaterais mais comuns
Como qualquer vacina, a Abrysvo® pode causar alguns efeitos colaterais leves, que costumam desaparecer em poucos dias:
- Dor no local da aplicação
- Cansaço ou fadiga leve
- Dor de cabeça
- Dores musculares
- Náusea
- Febre baixa (menos comum)
Reações graves são extremamente raras. A vacina deve ser adiada caso a gestante esteja com febre, sendo necessário aguardar o fim dos sintomas para receber o imunizante.
Contraindicações
A vacina é contraindicada apenas em casos de:
- Hipersensibilidade (alergia) a qualquer componente da fórmula
- Reação alérgica grave a dose anterior da mesma vacina
Em caso de dúvidas, converse sempre com seu médico ou profissional de saúde antes de se vacinar.
Onde tomar a vacina contra bronquiolite?
Disponível gratuitamente no SUS
A partir de dezembro de 2025, a vacina contra o VSR passou a fazer parte do Calendário Nacional de Vacinação da Gestante e está sendo oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o Brasil.
O Ministério da Saúde fechou a compra de 1,8 milhão de doses para este primeiro momento, com previsão de adquirir mais 4,2 milhões de doses até 2027.
Como se vacinar?
- Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima
- Leve seu documento de identidade e cartão de pré-natal
- Informe que está a partir da 28ª semana de gestação
- Receba a dose única da vacina
A vacina contra o VSR pode ser aplicada no mesmo dia que outras vacinas recomendadas para gestantes, como influenza (gripe) e covid-19.
Rede privada
A vacina Abrysvo® também está disponível em clínicas e laboratórios particulares para quem preferir essa opção. O custo varia conforme o estabelecimento.
7 medidas de prevenção da bronquiolite além da vacina
A vacinação é a principal estratégia de prevenção, mas algumas medidas de higiene e cuidado ajudam a reduzir ainda mais o risco de bronquiolite nos bebês:
- Lavar as mãos frequentemente
Essa é uma das formas mais eficazes de prevenir a propagação de vírus respiratórios. Use água e sabão ou álcool em gel, especialmente antes de tocar no bebê. - Evitar contato com pessoas gripadas ou resfriadas
Oriente familiares e visitantes a evitarem contato próximo com o bebê se estiverem com sintomas respiratórios. - Amamentar o bebê
O leite materno fortalece o sistema imunológico do recém-nascido e ajuda a prevenir infecções, incluindo a bronquiolite. - Manter ambientes bem ventilados
Evite locais fechados e com pouca circulação de ar, onde os vírus se propagam com mais facilidade. - Limpar frequentemente brinquedos e superfícies
Objetos que o bebê manipula podem ser fonte de contaminação. - Evitar aglomerações com o recém-nascido
Nos primeiros meses de vida, evite levar o bebê a locais com muitas pessoas, como shoppings e festas. - Não fumar perto do bebê
A exposição passiva ao fumo aumenta o risco de infecções respiratórias e agrava quadros de bronquiolite.
Quando procurar atendimento médico?
Mesmo com a vacinação e os cuidados preventivos, é importante saber reconhecer os sinais de alerta. Procure atendimento médico imediatamente se o bebê apresentar:
- Dificuldade para respirar (respiração muito rápida ou com esforço visível)
- Coloração arroxeada nos lábios ou extremidades
- Sonolência excessiva ou prostração
- Recusa persistente de alimentação
- Febre alta por mais de três dias
- Piora rápida dos sintomas
A maioria dos casos de bronquiolite é leve e pode ser tratada em casa, com hidratação, lavagem nasal e controle da febre. Porém, casos mais graves exigem internação hospitalar e suporte respiratório.
Impacto da vacina na saúde pública
A incorporação da vacina contra o VSR ao SUS representa um avanço importante na proteção da saúde infantil no Brasil. Segundo estimativas do Ministério da Saúde:
- A vacina tem potencial para prevenir ao menos 28 mil internações por ano
- Aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos podem ser beneficiados
- Haverá redução da sobrecarga nos serviços de saúde, especialmente em UTIs pediátricas
A meta do Ministério é vacinar pelo menos 80% das gestantes elegíveis, garantindo ampla proteção para os recém-nascidos brasileiros.
Fontes e referências (para você linkar no post)
- Ministério da Saúde – Informações sobre a vacina VSR e bronquiolite: https://www.gov.br/saude
- Instituto Butantan – Vacina contra bronquiolite para gestantes: https://butantan.gov.br
- Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – Vacinas VSR: https://sbim.org.br
- FEBRASGO – Recomendações da vacina VSR para gestantes: https://www.febrasgo.org.br
Aviso importante
Este conteúdo tem caráter informativo e educativo e não substitui avaliação, diagnóstico ou tratamento realizados por médicos, obstetras, pediatras ou outros profissionais de saúde habilitados. Sempre converse com seu médico antes de tomar qualquer vacina durante a gravidez.
Este artigo foi produzido pela equipe Saúde em Foco, que pesquisa temas de saúde e bem-estar em fontes oficiais e científicas. O conteúdo é informativo e não substitui consulta com profissionais habilitados.